DROPS PEDAGÓGICOS 2024
Nesta página, encontram-se registros, no formato dos drops pedagógicos, todos eles, voltados para desepertar o debate fecundo onde todos são convidados a entrar na roda e conversas, dois dedos de prosa sobre muitos temas, que dizem respeito à educação. Entao, vamos lá?
DROPS PEDA´GÓGICO 01
SOBRE O ETARISMO QUE CORROI AS RELAÇÕES INTERGERACIONAIS
Lucas de C. Cardoso
Sabemos o quanto a educação contemporânea tem se debruçado em torno da edificação de práticas inclusivas e respeitosas em relação a diversidade humana.Dentre tantos desafios que a educação tem pela frente é a preparação das novas gerações para a cultura do respeito a diversidade, sobretudo em relação aos diferentes e aos idosos.
Sabidamente, o Censo Demográfico 2022, indica que somos uma população que envelheceu sendo, pois, ultra importante que os coletivos sociais tenham atenção e cuidado em direção as pessoas da terceira idade, que têm direito de viver em sociedade e ter uma vida produtiva, representando isso, na permanência em cargos e profissões de carreira, caso sintam e desejem continuar na ativa. Isso vem posto no Estatuto do idoso, como segue:
Art. 2º A pessoa idosa goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhe, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade. (BRASIL, 2003, p.1)
Posto isso, existe um corpo de leis e regulamentação jurídica que asseguram ao idoso "cuidados", atenção e ações respeitosas, sobretudo em razão da necessidade de rupturas com condutas etaristas, que nada convém em espaços democráticos, públicos sobretudo naqueles que se destinam à educação.
Há, em relação a proteção do idoso, a força de um Estatuto, conhecido como estatuto do Idoso, Lei Federal de número 10.741 de 01 de outubro de 2003, em seu artigo 1º: "É instituído o Estatuto da Pessoa Idosa, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos."
Sabemos também que o etarismo, se configura como forma torpe de preconceito em relação as pessoas idosas, dirigindo a elas discursos permeados pelo ódio e aversão as pessoas idosas. E muitas vezes, se configurando como crime perverso que fere a identidade da pessoa idosa. Muitas vezes, o etarismo extrapola o campo da opinião pessoal, transgredindo a Lei, por força de uma "cultura capacitista "que devora, em muitas situações, o bom senso de muitas pessoas. Assim como asseverado na Lei 10.741 de 01 de outubro de 2003:
Art. 4º Nenhuma pessoa idosa será objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido na forma da lei." (BRASIL, 2023).
Quando a opinião pessoal extrapola, em atitudes nominadas de capacitismo recreativo, ou melhor, etarismo recreativo, temos uma grave infração contra a dignidade humana, sobretudo uma transgressão grave ao Estatuto que tem foro Federal, configurando isso como atitude danosa e criminosa, sobretudo quando ,a partir da ação etarista e danosa, há como consequência danos à saúde física e mental do idoso agredido.
DROPS PEDAGÓGICO 02
CONHECENDO A LINGUAGEM DOS PROJETOS
Jusceli Maria O.de C. Cardoso e Lucas de Carvalho Cardoso
Num sentido maior, ao examinarmos o conceito da palavra projeto perceberemos que tal ferramenta é parte presente nas áreas de formação das Engenharias, Arquitetura, Economia, Administração, dentre outros. Constitui-se em objeto de discussão e trabalho nas múltiplas áreas do conhecimento humano.De acordo com o dicionário Houaiss (2001), a palavra projeto tem etimologia do latim projectus,us 'ação de lançar para a frente, de se estender, extensão', do rad. de projectum, supn. de projicĕre 'lançar para a frente'; ver jact-; f.hist. 1680 projecto.
Pode-se definir projeto como "Representação oral, escrita, desenhada, gráfica ou modelada que, a partir de um motivo gera a intenção numa pessoa de realizar certa atividade usando meios adequados para alcançar determinada finalidade" (MARTINS, 2007, p.34).A partir da realização de projetos, pode-se buscar a solução de problemas e agregar conhecimento no processo de construção do saber. Os projetos extrapolam os limites da sala de aula e favorecem a interdisciplinaridade como abordagem de ensino e pesquisa (SILVA, 2011).
Sendo um conceito circulante na maioria das áreas do conhecimento humano, a ideia de Projetos também chega ao campo da educação, quando educadores assumem os Projetos como ferramentas de organização e trabalho pedagógico.Neste sentido, vale ressaltar que o conceito de projeto não é recente. A Pedagogia é que passou a assumir o projeto como forma de trabalho pedagógico mais recentemente.A ideia de Pedagogia de Projetos foi criada no início do século passado pelo estadunidense John Dewey. Este renomado educador tomou por base a concepção de que "educação é um processo de vida e não uma preparação para a vida futura". Ou seja, a escola deve representar o agora, a vida prática dos alunos, a sociedade que eles enfrentam hoje.
Woiler
(1975 ) já abordava o conceito amplo da palavra projetos :"Em sentido maior,
Projeto é qualquer propósito de ação
definida e organizada de forma racional " ( Woiler : 1975
Assim, tomando o conceito de outras áreas científicas, a Pedagogia deu novo sentido aos Projetos. No plano pedagógico, o termo ainda assume as perspectivas oriundas da economia e administração, contudo ganhando novas feições:Processo de prever necessidades, rotas, caminhos e atalhos pedagógicos:Processo de racionalização dos meios e recursos:Processo de ORGANIZAÇÃO do trabalho.Processo de Organização e estruturação da ação futura : Requer conhecimento e avaliação da situação original ( DIAGNÓSTICO ).Assim, fazer projetos é :LEVANTAR A SITUAÇÃO DA REALIDADE – CONTEXTO, ESTABELECER O QUE SE DESEJA MUDAR,ORGANIZAR E ESTRUTURAR A AÇÃO FUTURA.Desta maneira, podemos reconhecer , de modo rápido , os elementos internos ao projeto: ( objetivos, o quê , como, com quê e quando )No sentido amplo, devemos considerar que: "No projeto, se considerará sempre : custos-benefícios sociais da utilização dos recursos da comunidade na produção de determinados bens e serviços " ( Holanda, Nilson : 1975: p. 102 )Para Vasconcelos projeto "é instrumento teórico – metodológico para transformação da realidade " ( Vasconcelos : 1995 ).Vasconcelos define o Projeto com :Sistematização, nunca definitiva, de um processo de planejamento participativo, que se aperfeiçoa e se concretiza na caminhada : que define claramente o tipo de ação educativa que se quer realizar ( Vasconcelos: 1995 )Segundo KISII ( 1996 ) :Projeto é um processo participativo desde o começo, pois dada a problemática ( problematização ) como conjuntural a todos, não se pode pensar em realizar soluções sem participação de todos os envolvidos " ( Kisii : 1996 ).O projeto se torna ferramenta de trabalho, um instrumento gerencial, um ponto de convergência de pessoas que têm objetivos comuns.
DROPS PEDAGÓGICO 03
Lucas de Carvalho Cardoso, Jusceli Maria Oliveira de C.Cardoso, Maria Raquel de C. Cardoso
Vamos refletir sobre a realidade das classes multisseriadas? Que realidade é esssa?
DESAFIOS DAS CLASSES MULTISSERIADAS: QUE REALIDADE É ESTA?
Jusceli Maria O. de C. Cardoso-Professora –UNEB- CAMPUS XI
Lucas de Carvalho Cardoso-Psicólogo do NAAPA
O interior nordestino , especificamente os municípios do sertão nos revelam uma realidade pedagógica bastante inusitada e preocupante para muitos educadores : a estruturação de salas de aula de forma multisseriada ou seja, alunos de diferentes níveis escolares e estágios de aprendizagens diversos , convivendo, estudando juntos , num mesmo espaço físico: A sala de aula ,sob a batuta de um único docente que, no labutar quotidiano destes contextos , se vê obrigado a efetivar uma prática pedagógica , ao mínimo curiosa : Reger uma classe onde coexistem diversas classes e séries junta.Em um país de dimensão continental como o Brasil, sobretudo a Bahia , quando consideramos que , segundo IBGE (2000) , 32,8% de sua população , o equivalente a 4,3 milhões de pessoas , reside em áreas rurais , essa problemática assume uma maior relevância."( SANTOS : 2003).
Segundo o mesmo autor, "a falta de estudos sobre o tema assume maior gravidade quando consideramos a histórica ausência de políticas educacionais específicas para o meio rural brasileiro e baiano."(SANTOS : 2003)A questão toma proporções de urgência quando percebemos a condição em que educandos e educadores passam a lidar em prol da efetivação de projetos de ensino, os quais muitas das vezes, teimam em reproduzir naqueles espaços de ensino-aprendizagem os modelos e lógica perversa de um ensino uniformizante, urbano e permeado por ideologias antagônicas e contraditórias com relação as identidades dos povos e das comunidades rurais.Para SILVA (2003):
No Brasil, o meio rural apresenta os mais baixos índices de escolaridade de toda a sociedade. O analfabetismo da população rural na faixa etária acima de 15 anos é de 32,7% , enquanto somente 2% dos jovens que moram no campo , freqüentam o ensino médio ( IBGE , 1998) . O que demonstra a histórica negação –à população do campo –do direito de acesso e permanência na escola , para completar sua formação inicial."( SILVA: 2003)
O
fato é que , o modelo de classes multisseriadas tem servido, em certas medidas,
aos objetivos políticos que, buscam a
lógica da economia , uma vez que , na maioria dos seus discursos , defendem as
classes multisseriadas como única alternativa de oferta para o ensino rural.
Para defesa desta tese , utilizam-se do argumento da lei de oferta e procura , ou seja, a maioria
das famílias da roça , tem filhos de várias idades , configurando-se diversas
séries de ensino, dentro de uma mesma fazenda , sítio, roça. Além do que, usam
o argumento das longas distâncias que as crianças deveriam percorrer até chegar
a escolas, que porventura ficariam localizadas na sede.
SILVA (2003) pontua, enquanto faz uma reflexão sobre as Diretrizes operacionais para a educação Básica nas escolas do campo ( Resolução n. 01 , de 03 de abril de 2002/CNE/MEC) no que concerne à organização do Sistema de Ensino e Estrutura Escolar art. sétimo e seus parágrafos das diretrizes :
Com relação à organização da escolaridade: Considerando os princípios que fundamentam a proposta, a heterogeneidadde dos sujeitos sociais e da aprendizagem ( crianças , jovens, adultos e terceira idade) , as nossas salas de aula podem ser organizadas de diferentes formas por classe multisseriada, ciclos, módulos ou séries . Essa questão se fundamenta no artigo 23 da LDB, que diz:
Art.
23. A educação básica poderá organizar-se em séries anuais, períodos
semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não
seriados , com base na idade , na competência e em outros critérios ou por
forma diversa da organização , sempre
que o interesse do processo de aprendizagem assim o recomendar.
Desta maneira, percebe-se que o argumento (alavancado pelos municípios) que sustenta a existência de classes multisseriadas tem uma interpretação, mesmo que ambígua, fundamentada dentro da própria LDB.Entretanto, para que o texto expresso na LDB venha a ser efetivado, na prática, precisamos avançar muito em termos de formação docente, sobretudo na esfera da formação continuada e na melhoria significativa das condições impostas ao ensino construído no meio rural.SIVA (2003) afirma :
Para que isso aconteça, precisamos ter cursos de formação continuada que possibilitem ao nosso professorado conhecimentos e estratégias para mediação pedagógica nas diferentes organizações da sala de aula , inclusive romper com a prática , que é a causa de muitos males na escola rural , de salas multisseriadas."( SILVA : 2003).
Assim,
vai sendo construído o discurso do conformismo. De um lado, pais que não
reivindicam abertura de mais salas de aula. Do outro o comodismo de oferece
apenas uma sala, com o único docente para atender toda a população escolar de
uma localidade determinada. E você, o que pensa sobre isso? Será fecundo, promover novos debates, contínuas conversas entre responsáveis, educadores, gestores e todos que desejam contruir educação onde todos e todas as pessoas acessem, permanecam e aprendam, na escola da diversidade e da aprendizagem como direito de todas as pessoas.
